segunda-feira, 31 de maio de 2010

Nova Arquitetura em Ação.


Começamos, graças à chuva, nossa nova arquitetura pedagógica. Agora estamos mergulhando num projeto de aprendizagem que visa responder a uma questão bem importante para mim e minha turma sobre um cogumelo que apareceu em nosso pátio. No mês passado tentamos dar início ao projeto quando encontramos um cogumelo lindo e enorme após um feriadão. Entretanto, a destruição dele não demorou um dia para acontecer e aquela forma de vida tão efêmera teve seus dias de vida interrompidos pela, como diria, falta de respeito à vida alheia... Trabalho com meus alunos o valor da vida e o que ganhamos com comportamentos onde curiosidade se confunde com práticas de desrespeito ao meio ambiente.
Não conseguimos nem fotografar o fungo, apenas seus restos... Quase desanimamos. Conversamos, tentamos buscar informações, contudo não lembrávamos nem direito da cor dele. Foi tudo muito rápido.
Demos início a uma jornada de caça aos cogumelos na escola. Nada. Até que a semana passada chegou e com  ela, muita chuva! Umidade e todo um ambiente propício para numa segunda-feira termos lá, no mesmo lugar um belo cogumelo com outros pequeninos pela volta.
Agora sim! Isolamos a área, colocamos placa de que estávamos fazendo pesquisa, filmamos nossas ideias sobre ele e registramso tudo que podíamos. No outro dia iríamos medi-lo para ver quanto crescia por dia e então, cadê o cogumelo? Cadê o cercamento da área? Cadê nossa experiência. Nada...
Contudo agora podemos avançar nas pesquisas. Já consultamos uma micóloga da UNISINOS e aguardamos o nome da espécie. Já levantamos nossas certezas e dúvidas. Estamos conversando em casa, na escola, estamos fazendo fungos em casa se procriarem! Com chulé, com bolor de pão, com o mofo nas frutas e verduras! A onda agora é saber sobre fungos, bons, ruins, importantes, venenosos, coloridos... Vai dar o que saber esta grande jornada. Nosso objetivo é levar esta pesquisa para a Feira Municipal de Ciências e Mostra Ecológica de Alvorada que será em julho deste ano.



















A entrega das caixas...

Em minha arquitetura pedagógica primeira dividi a expectativa com a colega Inês. Estabelecemos uma parceria que seria concretizada após mais de um mês de trabalho na troca de duas caixas. Uma caixa partiria de minha turma e uma partiria da turma dela. Ambas com um único objetivo: estabelecer um contato com outros alunos de primeiro ano, de outra escola, outra realidade social e outras possibilidades de curtirem a escola e aproveitarem este primeiro contato com o meio educacional formal.
Cada uma de nós foi então orientadora de uma série de tarefas: coletar trabalhinhos para colocar na caixa, modelos de atividades legais, sugestões de tarefas, vídeos com alguns pequenos documentários onde os alunos mostrariam coisas que fizessem os alunos da outra turminha conhecê-los melhor. Nossas escolas são da rede estadual e ambas não possuem laboratório de informática para atuar com os alunos, mas não é por isto que deixamos de utilizar as tecnologias em nossas salas de aula.
A entrega da caixa para minha turma foi hoje. Ficaram encantados com tudo que veio na caixa e já marcamos o data show para assistirmos os vídeos da outra turma. Lemos o que havia escrito na caixa, vimos os trabalhos, conhecemos os nomes dos colegas, fizemos cálculos para ver qual a maior turma, qual tem mais meninos, que nomes em comum apareceram na lista da turma, etc.
Agora, olhando as carinhas dos colegas dá mais vontade de fazer coisas à distância e quem sabe, no final de ano, a gente possa marcar um passeio com as duas turmas, fazer um amigo secreto virtual com entrega via vídeo e depois pessoalmente. Já fico imaginando muito além do estágio e deste tempo que se encerra de observações supervisionadas. A experiência por tudo isto está sendo bem significativa para todos.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Sobre o blog e sua função.

Quando li o e-mail pontuando os itens que deveriam aparecer neste espaço percebi que minhas últimas postagens não estavam atendendo às necessidades do Seminário. Acho que poderia ter sido slicitado uma troca de marcadores e registrado a não efetivação de meus trabalhos na disciplina. Talvez fosse melhor do que pedir o encerramento deste ou daquele assunto. Sempre procurei fazer o correto já na primeira vez, isto me polpa um tempo que todos que me conhecem sabe que não tenho. Neste semestre particularmente vi no blog um espaço para lançar minhas angústias e infelizmente gostando ou não estavam focadas quase sempre no mesmo assunto.
Não costumo escrever bilhetinhos, comemorar datas pontuais e nem colocar mensagens bonitas para refletir sobre e quando as coisas acontecem, mas pensei neste espaço como âncora para escrever o que não comporta no wiki de estágio que é este todo do qual o trabalho faz parte. Em minhas reflexões lá, no wiki, não pontuo este ou aquele, mas pontuo o nós, os alunos e eu, nossas falhas e vitórias, nossas dúvidas. Enfim, erro que custou chegar ao meio do semestre para dar início às solicitações adequadas.
É claro que ouvi o que fora solicitado no início do semestre letivo. Estava lá, nas aulas presenciais de corpo e mente presentes... Mas também penso, para finalizar, que guardas de trânsito podem sinalizar os erros de maneira à motivar os condutores e pedestres à uma prática mais adequada sem multar em sua quase totalidade. Somos influenciados pelo meio, desenvolvemos nossos esquemas de aprendizagem através das zonas proximais como bem nos ensina Vygotsky e não vejo nossa sociedade ainda preparada para o humanismo de Rogers. Talvez neste caso, sim, o deixar fazer tenha outro sentido.

Provocações.

Em uma postagem deste mês (que ainda pude usar como marcador "reflexões da prática escolar e Seminário VIII" ao invés de meu novo marcador o "Pedagogês") recebi uma interferência muito interessante (evidência: foi motivo de uma parada mais ampla para considerar a sugestão) sobre uma possível resolução minha do assunto para o TCC.
A professora Beatriz, assim escreve:
"Tati, posso te ajudar a pensar? será que há diferenças entre improviso e imprevisto? Será que não queres uma "lei para aproveitar o imprevisto"? Em ambas há o perigo latente: o "laissez faire". Como não cair nele? O flexível está ligado ao improviso? São algumas questões para pensares. Um abraço
Bea"

Estas perguntas realmente me fizeram pensar sobre a improvisação e o imprevisto na educação. Acho que quis expressar algo sem muitos argumentos que pudessem fazer entender o que estava sentindo. Realmente o assunto do TCC vai ter de esperar o estágio acabar. São tantas possibilidades ora apaixonantes (como fora esta do improviso) ou ora conflitantes (acabam me deixando sem ter ideia do que dar ênfase) que decidi esperar o "filho nascer" (se posso usar esta expressão neste blog)...
Entretanto fui em busca das respostas para estas perguntas e como de costume acabo encontrando mais perguntas a serem respondidas. Mergulhei primeiramente na definição do que é imprevisto e do que é improviso. Poderia fazer um artigo falando do quanto improvisamos realmente na educação, da creche à formação dos professores em Universidades renomadas. Contudo o termo mais adequado para o que quis apresentar é realmente imprevisto. Achei na rede um artigo que trata exatamente da questão que estava pensando de aproveitar o imprevisto e não deixá-lo passar como apenas algo não planejado; dar mais valor ao não planejado; encontrar os motivos deste acontecimento já podem trazer indícios de uma possível mudança no próprio planejamento. O trabalho trata:
RESUMO

Fruto de pesquisa com registros de professoras alfabetizadoras de jovens e adultos que atuam no interior do Brasil, o artigo trata da relação do imprevisto, como concretização da incerteza a que estamos permanentemente submetidos na vida, e o planejamento das atividades pedagógicas para a sala de aula (pré-estabelecido), como tentativa de domar a incerteza (contexto dos acontecimentos). Esta relação é discutida na sua intersecção com a reflexão sobre a prática pedagógica e com a formação contínua dessas professoras.
Gostaria muito de seguir o caminho de formação de professores, mas sinceramente como poderia fazê-lo se ao chegar ao final do curso não produzo postagens profissionais?  Que imprevisto este!!!
Algumas perguntas que buscarei responder neste espaço e que certamente fomentarão minhas reflexões individuais e particulares sobre o que abordar ao final do curso de Pedagogia:


i) Até que ponto é possível seguir o planejamento diante de situações imprevistas?


ii) O que intermedeia o planejamento e o improviso diante dessas circunstâncias? e


iii) Como os alunos reagem ao improviso?

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Vitórias com o primeiro ano!


Que legal, já tenho aluninhos lendo!!!
Este ano, mais do que noutros passados, os alunos vieram com poucas práticas de letramento. Temos três primeioros anos na escola e as turmas estavam muito semelhantes nas dificuldades que apresentavam e nas potencialidades que vinham desenvolvendo.
Alguns alunos da minha turma já estão lendo e com dificuldades ortográficas! Para mim, perceber que faço a diferença apesar dos contratempos é uma grande vitória. Sinto que preparo crianças questionadoras, que se obrigam a ler muitas coisas porque é de seu interesse e minhas provocações dão resultados fantásticos.
Claro que, alguns poucos estão no outro lado da ponte... Sem saber se é casa ou escola, se é letra ou número, se é para responder ou perguntar. Tenho uns pitocos tão preguiçosos que às vezes dá vontade de alcançar um cobertor e dizer "dorme anjo!".
Minha próxima meta é estimular este grupo de bichinhos preguiça e trabalhar suas potencialidades. Terei que produzir jogos e materiais que os façam ter mais ânimo para avançar.

Uma Baixa no Caminho

Hoje tenho a sensação de ter perdido um soldado em meio a uma guerra. Sensação que sentimos ao olharmos um filme triste onde a impotência marca as cenas mais fortes. Minha aluninha com Síndrome de Down foi transferida de escola. Sei que foi para o melhor dela. Sei que a mudança não foi pela escola, mas pela rede na qual se encontra. A rede estadual hoje em dia deixa muito a desejar no que tange as questões mais delicadas de amparo ao aluno com necessidades especiais. Minha aluninha conseguiu uma transferência com a ajuda da psicopedagoga para ter atendimento extra no Centro de Integração e Recursos da rede municipal de educação.
Quando conversamos na semana passada sobre esta possibilidade falei à psicopedagoga que não queria transferir meu desafio de ser efetiva para com a menina, contudo concluímos que o Estado ainda tem um longo caminho a percorrer no que diz respeito à inclusão escolar.
Acho até estranho pensarmos numa escola que não seja inclusiva! Isto nem pode existir!!!
Entretanto falo do amparo mínimo necessário às condições de bem estar e potencial de trabalho. A escola não é creche, nem depósito de crianças. A escola tem a missão real de desenvolver potencialidades e não doutrinar ações.
Apesar de saber disto, saber daquilo, estou muito triste. Nem sei quantificar este vazio. Parece um fracasso. Parece que minha intuição (pois foi isto o indicado a usar com minha aluna até pela psicóloga) falhou ou foi incapaz de fazer brotar frutos mais viçosos.
Lembro-me do que todos falam. Das palavras de incentivo, de parabenização pelo trabalho que faço, palavras de consolo da psicopedagoga e me acalmo... até lembrar que a perdi e com ela a possibilidade de aprender algo novo.
Agora, entre meu egoísmo infantil e uma situação que provoque mudanças mais rápidas e uma assessoria mais justa para ela, prefiro ficar remoendo minha tristeza e acreditando que é possível fazer melhor. Não devemos reinventar a roda!!!!!! Precisamos conhecer o estado da arte sobre nossos desafios e em relação ao caso de minha pitoca era claro que ela não estava no local certo.
O município teve há poucos dias um caso de Down de um menino com oito anos que fora direcionado à APAE para uma adaptação e posterior inclusão na escola regular. Se minha aluninha pensa ainda como uma criança de dois anos (segundo a psicóloga e a psicopedagoga) como poderia achar atrativa a sala de aula por mais malabarismos que eu fizesse? É preciso respeitar antes de tudo o sentimento da criança para não promover uma falsa inclusão que oprime, assusta e afasta ao invés de ligar sentimentos e humanizar as pessoas. Somos mais que números ou nomes. Somos vivos e portanto sentimos intensamente os fatos!

domingo, 9 de maio de 2010

Conversar com especialista sempre ajuda!

Nesta semana passada tive o prazer de conversar com a psicopedagoga que atende semanalmente a minha aluninha com síndrome de down. A especialista foi visitar minha sala de aula, viu meus aluninhos, ficou uns cinco minutos em minha sala e depois tivemos uns quinze minutos para conversar na Secretaria da escola. É como se tivesse tirado mil quilos de minhas costas. A pressão está muito grande e hoje percebo quão falho é o nosso sistema de inclusão educacional. Ao mínimo deveríamos respeitar os elementos vitais de cada criança antes de mandá-la para uma escola e esperar que os milagres se operem.
Sou extremamente favorável à inclusão escolar, desde que seja humana. Desde que humanize ao invés de assustar ou desacreditar. Creio que isto desacomoda muito professor e faz a educação melhorar.
Em meu caso estava angustiada aguardando o laudo psicológico para, sabendo ao menos a idade mental de minha aluninha pudesse adequar atividades e solicitar ajuda de recursos da escola ou até doações de outras mães e da própria família. O laudo chegou. Uma decepção total. Há uns dias atrás fiquei mais de trinta minutos conversando com a psicóloga encarregada de fazer o laudo. Expliquei as dificuldades; a agressividade da criança que estava aumentando; a falta de materiais adequados e a impossibilidade de atender exclusivamente a menina devido aos outros vinte alunos que fazem parte da turma e também estão em fase de adaptação escolar. A médica disse-me que compreendia. Disse-me que a minha aluna não apresenta ter mais de um ano e meio de idade mental. Disse-me que a escola deveria incluir a menina, mas não soube apontar caminhos. Entretanto a conversa parecia ter ajudado.
Após ler o laudo da psicóloga e perceber que não dizia NADA que apoiasse o trabalho escolar fiquei na expectativa da resposta da psicopedagoga. E ela veio...
Após contar toda a vida com a menina na escola vi uma cara de espanto da psicopedagoga. Ela não recebia nenhuma informaçõa dos pais do comportamento da menina e nem sabia que a agressividade dela na escola estava em níveis tão complexos.
A psicopedagoga contou-me de suas dificuldades e avanços com a menina e soube transpor as limitações que a sala apresenta dentro da fase que ela se encontra. Segundo a psicopedagoga a menina tem apenas dois anos de idade mental e está na fase da garatuja (isto eu já sabia!).
A mãe não providenciou atendimento na fonoaudióloga. A menina não se comunica na escola com ninguém!
Ao final percebemos que ela não está feliz. Está testando a todos e faz os coleguinhas lhe servirem como cachorrinhos literalmente, atira e busca, joga no chão e aponta, enfim... todos tentando agradar uma criança com seis anos de vivência e com dois de desenvolvimento. Ficamos aguardando melhoras.