sexta-feira, 19 de outubro de 2007

O que emocionou a professora Cristina de Música?

Transcrevo aqui meu comentário do trabalho de Música solicitado pela professora. Vale à pena ler, eu já o fiz algumas vezes...

"Desde cedo em nossa vida somos convidados ou convocados (como muitos diriam) a participar desta grande festa que é a musicalidade, aliás, festa que se preze tem que ter música rolando. Ana Paula Melchiors Stahlschmidt no texto proposto, escreve sobre os sons que o bebê ouve mesmo antes de entrar na “festa”. A música é tão importante para nossa alma que a recebemos muito além de letras, cifras ou partituras. A música eleva o espírito ou o faz entristecer. Temos música para todo e qualquer momento da vida... Para nanar o bebê e para acordá-lo, para festejar a passagem do ano ou a chegada de mais uma primavera.
Usamos tempo demais ouvindo os ruídos do trabalho, da discussão, os sons da briga e da construção. Ocupamos nossos ouvidos e mentes com cálculos e equações, mas em meio á tudo isto, é muito engraçado perceber um radinho disfarçado, um walkmam escondido por entre os cabelos, um CD sendo comprado para presentear a quem amamos.
Hoje, com este trabalho, pude olhar para minha estante e perceber que meu aparelho de som está empoeirado. Meus discos não existem mais e os Cds ocupam bastante espaço. Com o dinheiro investido fui capaz de aprisionar tantas vozes, algumas até muito amadas e inesquecíveis. O que acontece então? Por que compro todas as músicas que amo e não tenho tempo de apreciá-las?
Fiquei divagando acerca daqueles que não ouvem porque não podem. Como fazem para interpretar o mundo sonorizado que temos? Dois exemplos de surdez (bem diferentes) já estiveram presentes em minha vida: um amigo dançarino surdo e ainda meu gato de estimação completamente surdo. Passei então a perceber a vida silenciosa destes seres e questionei-me sobre o que seria pior, não falar ou não poder ouvir? Percebi que poder ouvir muda tudo e mudo fica quem não ouve o mundo!
Quando bebê lembro-me do “Ursinho Pimpão”, aos quatro anos a “Índias dos cabelos nos ombros caídos...” dominou as noitadas em família. Fui para a escola cantando músicas do Balão Mágico, Fofão e mais adiante vivi uma carreira sólida e promissora sendo uma Paquita... Cresci e nas reuniões dançantes Roupa Nova e Placa Luminosa embalavam os corações. Conheci a música tradicionalista gaúcha e com ela a dança; aprendi as danças e músicas latinas bem como suas variações. Num período de amores platônicos ouvia muito uma programação de rádio chamada Love Songs, a partir dos dezoito anos amei Legião Urbana e todos os ritmos que assim os definiam, participei de uma banda escolar, tocava lira, flauta e percussão! Aprendi sozinha, só olhando. Também tocava nas missas Hinos Sacros em meu teclado que fora o orgulho de minha adolescência. Tenho fascinação por músicas clássicas, óperas e afins. Com a correria da vida o teclado ficou guardado, o amor deixou de ser platônico acompanhado por lágrimas e embalado por músicas tristes, a radicalidade foi dando lugar a um jeito eclético de curtir música. No carro de um colega ou no MP3 de um aluno, nas festinhas da escola ou num baile noturno é assim que a música ainda está em mim.
Enfim, o texto remeteu-me a uma análise muito pessoal da música em minha vida. Vi descrita nas linhas deste trabalho tantas ocasiões onde a musicalidade ocupa um lugar de destaque. Ao longo dos anos elegemos as músicas de nossa história de vida: a melodia que marcava o sono, o primeiro amor, a radicalidade e a busca incessante pela compreensão; honramos nossa Pátria com hinos e com hinos sacros professamos nossa fé; criamos gingo ns para fortalecer as lutas e campanhas publicitárias; cantamos para debochar e para conquistar. Somos seres musicados, infinitamente envolvidos numa partitura chamada vida. Somos compositores de uma obra inspirada no dia-a-dia e nas sensações. Somos desavergonhados quando gritamos numa só voz e supremos quando calamos ao som da voz que ressoa por todos.
O silêncio para alma nos é a calmaria dos sons da natureza.
A linguagem do bebê, a intensidade do choro, a melodia do sussurro são as formas encontradas de escrevermos nossa própria partitura na vida onde também seremos interpretados pelos que amamos ou conhecemos e ainda para finalizar gostaria de registrar que não importam as palavras ou a letra da música, mas importa saber que sem a melodia nossa existência fica condenada a sermos eternos desafinados.
É por tudo isto que o professor deve estar preparado para receber a música e doar musicalidade aos seus educandos. É preciso amar o ritmo de cada um para saber os porquês dos ruídos na aprendizagem. Comumente ouvimos que quando alguém reza cantando, reza duas vezes; ou quem canta seus males espanta. Quem sabe tenhamos com a música a saída para o entendimento de tantas questões mais cognitivas e que afligem a educação de hoje. Os alunos são muito influenciados pela sonoridade do mundo. Acredito que nós, professores, devamos aprender a ouvir mais a realidade de nossas crianças para entoarmos todos juntos o som da vitória tal qual melodioso é um grito de gol!"

2 comentários:

Beatriz disse...

Tati, lembro que a música está presente até nos momentos mais tristes como bálsamo para a dor. Esses dias me emocionei, em uma cerimônia de cremação, quando a filha cantou, acompanhada pelo violão, a música que seu pai mais gostava exatamente porque marcava um momento de festa entre ele, a esposa e os filhos. Foi tocante e ao mesmo tempo, tão suave!!
Um abraço
Bea

Jurema disse...

Oi Tatinha,acho que a muito a música vem emocionando,eu sou apaixonada também pelos clássicos,comecei a gostar de música com meu amigo e professor Renato,que me dizia para ouvir música para repor as energias.Hoje vejo meu filho cantando e fico feliz,em ver que a música é uma escolha na vida dele e batalha para ter um lugar por ai.A propósito ando orgulhosa de meus filhos por ai contigo,envia fotos para mim.Ju