Filme ...E seu nome é Jonas
Acabo de sentir o filme recomendado pela Interdisciplina de LIBRAS. Acho que o que menos fiz foi ver o filme, pois o momento em que vivo na companhia de um aluno deficiente auditivo (pois não sabe LIBRAS) tem me remetido a muitas sensações intensas. Ora fico irritada com minha impotência em comunicar-me com ele, ora tenho vontade de sair gritando, dizendo que não posso mais, que a culpa não é minha e que não me ensinaram a lidar com isso. Parei o filme inúmeras vezes para pensar em minha prática. Parei o filme para secar as lágrimas que brotavam a cada ato desesperado do menino em se fazer compreender. Parei o filme para tentar escutar o silêncio e achar calma nele porque para nós ouvintes, o silêncio é assustador.
Sei das minhas limitações em relação ao meu aluno. Não tenho tido tempo para viver, curtir os livros que compro ou os elogios que recebo. Não tenho tido tempo para dar mais carinho aos que amo e nem receber também. A vida é uma grande aposta e não gostaria de morrer sem poder optar, sem ter chance de parar tudo para escutar o silêncio ou auscultar a minha alma. Quero pedir desculpas ao meu garoto pela falta de respeito em mergulharmos ele todos os dias neste mundo repleto de ruídos e vibrações estranhas. Quero um dia, em breve, ser melhor para outros seres humanos como eu que buscam ser ouvidos mesmo que através de sinais, de gritos ou palavras.
Quanto mais avançamos nas atividades de LIBRAS mais me desespero. Sinto-me como o Jonas, sem saída. Sinto-me culpada por omissão. Sei que há um caminho, contudo também sou discriminada pela mesma sociedade que outrora amarrava as mãos dos surdos proibindo-lhe os gestos e sinais. Sinto-me amarrada por laços burocráticos e emocionais.
E seu nome é Jonas... é Tatiani, é Luan, somos todos a cada instante na busca da comunicação perfeita e do silêncio interior.
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