segunda-feira, 18 de maio de 2009

Como fazer para fazer melhor a vida de outrem?

Estou muito angustiada com a demanda de novas informações que venho adquirindo nos últimos dias sobre como trabalhar com crianças que apresentam a deficiência auditiva em seu mais elevado grau que é a surdez. Tenho um aluno surdo de doze anos num primeiro ano de crianças da faixa etária entre seis e sete anos. Nos primeiros dias tudo parecia melhor, em relação ao comportamento dele e sua adequação no espaço da minha turma, mas é claro que as grandes diferenças começariam a incomodar. Ele é mais agitado, mais autônomo, sua sexualidade está aflorando, tenho visto que ele faz determinados sinais com as mãos que qualquer pessoa entende e são agressivos naturalmente. Percebo que a realidade dele está longe de ser um primeiro ano. Seus amigos são da turma da quarta série e sou impelida a deixá-lo fazer seu recreio com os maiores até porque já é muito cruel esta condição absurda dele estar numa escola regular sem a mínima condição digna de ter seu idioma primeiro (LIBRAS) atendido. A Lei é muito bonita e perfeita nos mínimos detalhes: A escola deve ter um tradutor intérprete de preferência surdo, todos da turma devem com isto aprender a linguagem para manter uma comunicação harmoniosa com o surdo, enfim, muitas possibilidades e lá está o aluno, deslocado, sem conseguir realizar tarefas com entendimento, sendo tratado da melhor forma possível, entretanto eu sei que nada que faço na aula proporciona o desenvolvimento de seu potencial cognitivo. Minha frustração é saber que tenho até sonhado com soluções que estão longe de meu alcance. Acho que se não tivesse agora tão imersa em faculdades, cargas de trabalho em demasia poderia sim agarrar este desafio.
Tenho adquirido alguns materiais em LIBRAS, mas não consigo aprender, acho que os escassos minutos que paro para observar as imagens e a forma de comunicação se perdem em meio ao cansaço de mais um dia. Estou desenvolvendo (daquele jeito sempre com muito para publicar e pouco tempo para realizar) um estudo de caso com este menino e com uma menininha também nova em minha sala de aula que veio juntamente com a irmã para escola (ambas no primeiro ano) e que apresentam graves problemas emocionais. A irmã que está noutra turma sofreu abuso sexual dentro de casa e tudo me faz crer que a minha aluninha também. Não conheço os pais destes meus alunos e parece que não estão muito preocupados em aparecer na escola. A solução vai ter que ser encontrada por mim.

2 comentários:

Rosária disse...

Oi Tatinha! O teu registro no meu BLOG provocou uma imensa alegria... Estou com dificuldades na escola... É meu último ano como gestora e não queria desistir, mas está difícil, as pessoas estão agressivas, desinteressadas e talvez até "doentes". Ás vezes, a sensação é que vou enlouquecer junto... Fiquei emocionada, pois dentro deste contexto perceber que somos importantes para alguém e que ainda fazemos à diferença, seja por nossos ideais ou competências... Faz bem a ALMA! Também te admiro muito e percebi nesta postagem sobre teu Estudo de Caso, todo um olhar de amiga, educadora e pesquisadora! Parabéns! Abraços! Rosária Moraes

Beatriz disse...

OI Tati, realmente ser professora nos dias atuais é uma tarefa para Golias e nós somos apenas Davis, com vontade sermos Golias mas, sem a parceria e vontade política de ninguém!! Mas, temos que colocar a boca no trombone não apenas para denunciar e sim para propor alternativas. O governo vai ter que ouvir e vai ter que mudar. O bom seria que nós disséssemos como e no que ele deve mudar.
Um abração
Bea