domingo, 4 de abril de 2010

AMARRAS

Que ano cheio de novidades!
Em minha escola trabalhamos com três turminhas de primeiro ano. Minhas colegas e eu temos que desenvolver nossas atividades de maneira próxima e semelhantes atendendo as matrizes curriculares que o Programa Ayrton Senna (Circuito Campeão) exige. Este programa que é de gerenciamento não nos fornece nada além de planilhas para preencher e rigorosamente obedecer. Digo isto porque não há interferência pedagógica ou intenção de auxiliar a sanar problemas na turma, dificuldades. Ganhamos no ano passado uma caixa de livros para leitura e seis potinhos com letras do alfabeto (apenas uma de cada) e a mesma quantidade de numerais do 0 ao 9. Nada novo este ano, devemos aproveitar tudo do ano passado, como se o valor que o Estado paga pelo acompanhamento não fosse renovado a cada período letivo. Tudo bem até ai se além de tudo isto não tivéssemos que engolir a história (que é uma LEI) de que nossa escola (incluindo professor e turma) está sofrendo a repressão da proibição do uso de quaisquer formas de divulgação na internet do nome da escola, governo ou trabalho desenvolvido pelo professor. Quais os reais motivos desta proibição? Que tipo de mentalidade educacional e postura no trabalho estamos alimentando com isto? E como faço no caso de ser denunciada (e não pense que isto não aconteça!) sobre estar publicando experiências educacionais na rede? Creio que não serei queimada como Joana Darc; tampouco condenada a subjugar minhas descobertas como feito com Galileu ou ainda ter o corpo esquartejado como Joaquim, aquele, que alguns chamavam de dentista... o da Inconfidência, do feriado... Não quero ser exonerada, nem tampouco constrangida em público por burlar leis em nome de uma causa nobre. Não quero ser mártir das novas tecnologias. Quero ser livre para errar, descobrir, alertar e produzir novos conhecimentos com meus alunos. Quero ficar arrasada por tudo que der errado e usar este sentimento para refazer e atingir o sucesso. Quero ensinar que na horta escolar muitas vezes não nascerá nada, pois as intempéries estão aí, contudo quero que saibam quanto investimento a natureza depositou e o quanto valemos perante ela. Quero ser livre, não a partir de uma carta de alforria, mas com oportunidades para produzir.

Nenhum comentário: