segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Sobre Pais, Filhos e Rendimento Escolar


Respondi estes questionamentos para um trabalho de uma colega que cursa Pedagogia na Fapa.

Achei interessante postar minhas reflexões aqui que é um espaço para novas idéias e reformulação de antigos conceitos.


Há diferenciação no rendimento das crianças que recebem auxílio dos pais? Por quê?
Sim, há diferença na qualidade do ensino. Suponho que a afetividade que ocorre quando os pais acompanham mais efetivamente seus filhos projete uma sensação de cuidado e importância para a criança que se reflete numa estima mais elevada o que corresponde diretamente ao resultado escolar, mesmo que este não seja satisfatório permitindo nitidamente perceber no educando características ligadas à cobrança daqueles que a cercam e um maior desejo de não decepcionar os mesmos.

Entre crianças que ambos os pais trabalham fora existe diferenciação no rendimento? Por quê?
Não gosto de generalizar afirmativamente ou negativamente perguntas desta ordem porque ao longo de minha jornada enquanto professora tive diversos casos e cada dia mais, de alunos que os pais não eram nada freqüentes na vida dos filhos, apareciam apenas no final do ano letivo e não pareciam estar muito preocupados com conversas; apenas o “passar” ou “rodar” de ano importava. Outros, porém, tem seus familiares trabalhando fora, às vezes ficam em casa sozinhos, fazem suas refeições e cuidam de irmãos demonstrando maturidade, responsabilidade e amorosidade quando questionados da rotina de sua vida. Os pais podem não percorrer os dias com os filhos, mas acham oportunidades de se fazer presentes na educação, buscando avaliações, através de recados no caderno ou ligando para a escola. A diferenciação no rendimento escolar dar-se-á, a meu ver, pelo afastamento emocional entre pais e filhos o que normalmente resulta em abandono e baixo rendimento escolar, que alguns preferem intitular como fracasso escolar. Só questiono sempre: Quem fracassa? O aluno sozinho?

Como os pais reagem quando seu filho apresenta baixo rendimento?
Normalmente não reagem. Esboçam sorrisos amarelos e fazem cara de quem já sabia do resultado. Raras são as cenas onde os pais ou responsáveis demonstram preocupação em buscar novas formas de acompanhamento, pois o aluno, principalmente do ensino fundamental, precisa de bases sólidas para suas aprendizagens. A família deve ser o porto seguro onde as crianças podem testar suas hipóteses, imaginar soluções e criar expectativas sem parecerem ridículas ou inconvenientes. Alguns pais reagem frente ao baixo rendimento com atitudes extremadas sempre voltadas ao castigo ou a troca do estudo por algo desejado. Não deve-se negociar a educação. Não é uma barganha e as crianças deveriam ser educadas para isso. Ao contrário, talvez uma presença mais efetiva ao lado da criança em casa com solicitações que em nada lembrem castigos seja um bom começo. O ato de aprender é fruto de troca de conhecimentos. Será que os pais estão trocando com seus filhos? Ou apenas a televisão se encarrega de ser a formadora de opinião deste futuro cidadão?

Um comentário:

Simone disse...

Oi Tati!!
Essa relação entre pais e filhos e a aprendizagem é muito interessante e pode render muitas pesquisas ainda.
Passei pelo teu blog e não encontrei nenhuma postagem referente a interdisciplina de ECS. Que relações podes estabelecer entre as idéias dos autores vistos e tua prática profissional? Um abraço, Simone - Tutora sede